Label FM

2008-07-17

Casamento

Temática recorrente e actual, altamente debatida nos movimentos e blogs LGBT: o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A simplicidade de se retirar da Lei algumas palavrinhas extra como "pessoas do mesmo sexo", faria a diferença no que toca a liberdades, direitos e garantias individuais dos cidadãos portugueses.
Portugal pode orgulhar-se de alguns feitos, principalmente no que toca a leis, pois dita-nos a História que tivémos a coragem de abolir a pena de morte e a escravatura e, por mais chocante que tenha sido na época, a nossa Constituição de 1911 foi duramente criticada por ser tão "à frente", tão liberal e, acima de tudo, tão laicista. Apesar do retrocesso com a Constituição de 1933 (salazarenta q.b.), o texto que se lê em 1976 é único e devolve aos portugueses o que é condição sine qua non de qualquer ser humano: a liberdade.
Mas, eis-nos chegados ao século XXI e a liberdade ainda é condicionada. Não falo da liberdade de fazer e acontecer as coisas mais idiotas e que atentem à liberdade de outrém, mas sim a liberdade de na minha esfera privada decidir a simplicidade com que posso alterar o meu estado civil, dado que isso em nada interefere com as outras pessoas. Posso casar com um idiota, com um pedófilo, um cientista, um intelectual, um tatuado dos pés à cabeça, louro, moreno, vesgo ou gago, mas mantem-se o padrão: é do sexo oposto, logo posso. Ora isto não é correcto. Para quê serviu a laicização do Estado e o afastamento do Estado-Nação do Estado-Vaticano? É cultural, não vale a pena fugir disso. A homossexualidade é um acto "undercover" porque a nossa matriz judaíco-cristã não nos permite ser iguais (inter pares).
Casaria se pudesse? Já sou casada, e com uma Mulher (uma Grande Mulher de quem muito me orgulho), não preciso de papel caribado para o sentir e saber. Mas peciso de ter a certeza de que as minhas decisões não condicionam ninguém, não cerceiam a liberdade dos meus pares. Casar, para um homossexual não é opção: é proibido. Fere-me esta palavra, não por ter uma relação homossexual, mas porque me é avessa, porque me enoja, me incomoda. Desde 98 que defendi a despenalização do aborto, apesar de saber que possivelmente não teria que passar por um processo desses, mas defendi essa liberdade, tal como defenderia a liberdade em qualquer situação que considerasse injusta e proibitiva. É uma questão de postura, de cidadania e teria a mesma opinião se fosse heterossexual, casada e tivesse um rancho de filhos.
A Lei fala-nos de deveres, liberdades e garantias. Que se faça juz a esse texto sagrado que é a Constituição e todos aqueles que por todo o mundo e todos os séculos defenderam a liberdade. É por todos nós, não por uma minoria.

2008-07-16

Família

Já há algum tempo que ando para falar deste assunto tão delicado: a homo-parentalidade (ou lesbo-maternidade?!?!). A verdade é que não sou mãe biológica, sou uma espécie de madrastra, ficando sempre na dúvida de que termo melhor se adequa ao caso. Sem a necessidade específica de ter essa palavra definida, a verdade é que neste casamento abracei uma família completa: uma mulher, dois filhos e um sem fim de cães (faltam os gatos).
Não somos uma família menor do que as outras, nem mesmo diferente, porque os problemas que surgem no decorrer do quotidiano são exactamente os mesmos que decorrem nas famílias tradicionais: a escola, as contas, a rotina, a educação, o sentimento de união entre todos e o diálogo. Dentro de toda a frontalidade que nos rodeia há um tema não aflorado: a relação que a mãe tem comigo. Há uma espécie de pacto silencioso entre todas as partes, que não chateia, não incomoda, nem sequer diminui o respeito entre todas as partes, especialmente o respeito mais ingrato e difícil de obter: o meu com as crianças (entretanto adolescentes). Obedecem-me e questionam-me da mesma forma que agiriam com a mãe, sabem a qual de nós as duas devem pedir as coisas, dependendo daquilo que pretendem.
Nota-se um equilíbrio, sem dúvida. Por isso penso muitas vezes no facto de duas mulheres educarem sozinhas uma criança desde o seu nascimento, sem a existência de uma figura masculina. Esta é a problemática mais debatida, sem dúvida, mas a verdade e a experiência ditam-me que duas pessoas, independentemente do seu sexo, representam sempre dois pólos, o mais e o menos, o leve e o pesado, o mais permissivo e o mais autoritário, e as crianças conseguem aperceber-se disso e descobrir o seu equilíbrio pelo meio da família.
Falo de uma esperiência muito pessoal, envolta num sem-fim de facetas e prismas, sendo que as nossas crianças têm um pai que, presente ou não, existe. São as novas famílias, diversas e amplas, sendo que o tradicional termo "família" terá cada vez mais acepções para além do arquetipicamente conhecido.

2008-07-01

Ao acaso...

... escolho um dos temas sobre o qual hoje andei a pensar: religião.
A meio de uma manhã de extrema azáfama, lá ia o rádio tocando numa estação sintonizada ao calhas, mas que até estava a emitir um bom fm (pouca conversa, pouca publicidade e muita música de "midback"). Começo a ouvir muita conversa e apuro o ouvido para o motivo: "estaria o mundo em colapso?!", questionei-me eu, ingenuamente, enquanto sintonizava a mente para as palavras. Era um brasileiro frenético a falar da Igreja do Pentecostes do Qualquer-Coisa.
Estava tão cheia de trabalho que não mudei de estação na hora, pensando: "isto acaba rápido!" mas não, não senhora! O brasileiro tinha a companhia de mais uma multidão de crentes que me invadiram a mente durante uma hora!! Firme decidi-me a escutar enquanto continuava a trabalhar, num acto da mais pura cusquice.
Bom, depois de um sem fim de milagres em que só faltou ao perneta sair a andar com duas perninhas do "templo", enquanto assobiava "Deus-é-o-mais-forte-e-me-vai-dar-dinheiro-mas-primeiro-tenho-que-pagar-o-dízimo" (entoem isto com fé e vão ver a magnitude com que ficam a cantarolar isto o resto do dia todo!!!), lá acabou a festa e eu fiquei, once again, chocada com o facilitismo com que se promete o mundo (sempre com a palavra "dízimo" a fazer parte de qualquer frase, claroooo!).
Fanatismo. Digo eu e já diria Marx que "a religião é o ópio do povo". Ora, não me comparando eu a Marx, nem querendo gritar "operários de todo o mundo uni-vos", apetece-me roubar-lhe descaradamente a frase enquanto abano a cabeça e sacudo os ombros por ser tão idiota!
PORQUE É QUE EU NÃO FUNDO UMA RELIGIÃO?????
Ponto UM - Ficava rica enquanto um santo esfrega um olho!
Ponto DOIS - Ganhava muitos fãs de uma assentada só!
Ponto TRÊS - Como no futebol ia conseguir encher um estádio (sem apito dourado)!
Ponto QUATRO - Ia ficar rica (convém frisar de novo)!
Ponto CINCO - Ia ter offshores em ilhas paradisíacas!
Ponto SEIS - Viajava para espalhar a palavra à borla!
Ponto SETE - Gastava uma caneta por dia em autógrafos (que me iam dar nos vossos cheques VISADOS, claro)!
Ponto OITO - Reafirmo: ia ficar rica, RICA, RICAAAAAAA!
Ponto NOVE - Grandes festas as que poderia dar (open bar, I promise)!
Ponto DEZ - Comprava um Governo qualquer e pronto!
RESUMINDO:
Uma religião é que é, ou acham que isto de trabalhar 10 horas por dia ou mais leva a algum lado?! Aceitam-se CV para a caixa de mensagens, isto porque um religião precisa de pastores (mas quem manda sou eu, ok?! Que fique bem clarinho!).
Agora, comigo irmãos:
"Deus está vendo, está connosco! Somos testemunhas da sua grandeza e botamos gago p'ra cantar! Comigo irmãos! Sintam a luz, o calor, a fé! Sintam suas notas voando até mim!!!!"
Nota: always o sotaque brasileiro, tá bão?!

Sínteses

... Arraial 2008

... Parentalidade

... Religião

... Quotidiano

... Crise


Um abstract a desenvolver...