Label FM

2008-08-11

...

Antes de mais ouçam a música que aqui coloquei e sintam como é linda...

Depois passem à frente e encarem este meu post como uma catarse completamente crua, ensanguentada e necessária, como se a verbalização para o espaço longíquo do ciberespaço afastasse de mim o sentimento e mo possa devolver como se meu já não fosse...

A minha mãe está a morrer. Secamente é mais fácil de o dizer e de o encarar de frente. Agora posso despir-me de quem sou, fui, serei e olhar este momento como se de um filme se tratasse. Freud explicaria este "id", esta "coisa"... Freud nem ninguém jamais conseguirão transcrever em palavras e em teorias o sentimento denso, convulsionante e pungente que se espeta na alma e a esventra... A palavra é o início de tudo, mas é o silêncio que se impõe no fim de tudo, de uma vida, por que não há como simplesmente explicar ou exemplificar. Talvez um grito rasgado e lancinante seja o mais parecido, mas mesmo assim não mostra a carne rasgada e o caos negro.

Perder o primeiro amor, o mais verdadeiro de todos, o ponto de referência supremo, a nossa história é algo de inqualificável e de revoltante. Esgotam-se argumentos e esperanças nos corredores de hospitais, de tratamentos que desejamos profundamente que sejam miraculosos, desejamos a eternidade mas, em paralelo, o desejo terno e cheio de amor de que tudo termine rápido, sem dor e sofrimento para a pessoa que nos deu tudo... Nao dá para explicar esta dicotomia, estes pólos negativos e positivos, entre a derrota e as pequenas vitórias do dia-a-dia...

Um dia escrever-te-ei, mãe, todas as cores da minha alma, abrir-te-ei todos os poros da minha pele... um dia chegar-me-á essa coragem e seremos honestas e sinceras, como merecemos ser uma com a outra, porque o amor absoluto só pode ser assim: límpido.