Há muito para contar e desabafar destes últimos meses, mas talvez não existam palavras pertinentes e iluminadas suficientes para poderem ser utilizadas de forma legível e com cadência lúcida.
Hoje recordo-me de uma conversa passada há algum tempo, no meio de um dilúvio filosófico, que se gerou com esta pergunta:
Existe diferença entre alma e espírito?
90% das vossas respostas serão de carácter religioso. Preciso que me falem dos outros 10%. Olhem para dentro de vocês e questionem-se: onde está a vossa alma e onde está o vosso espírito? São a mesma coisa ou não? Se não, são complementos ou antogónicos?
É um bom exercício de ego-sofia. Deixo-vos a pensar.
3 comentários:
Podes ter a certeza que me deixaste a pensar, nem que seja porque disseste egosofia.
Fora a religião, espírito é o registo, ou o acumular do que somos, o imaterial e mutável,o a matéria imaterial do que resiste às experiências finitas, aquilo em que nos vamos tornando e somos, mais ou menos permeável a outros registos/seres que se podem misturar connosco (e aí entrará uma boa parte da “religião”).
Já a alma será o invólucro imaterial que contem esse registo, o que nos sustenta e sustém, o que liga a nossa existência material à metafísica, o que em nós é imutável.
São este dois que animam o universo material/imaterial em que vivemos, nesta existência que conhecemos agora, neste corpo, neste local, neste tempo.
Depois há quem sinta que é assim e há quem não sinta as várias partes imateriais que mexem connosco e fazem parte de nós. Eu sinto, de uma forma muito clara, assim como tenho consciência deste contentor que é a alma, da mutação do espírito, e a certeza que esta é, efectivamente, mais uma etapa de algo ainda por desvendar e compreender.
e é isto... sem grandes devaneios.
Ai está algo que pode dar azo a grandes devaneios. Para mim, depois de tanto tempo não consigo concebe-los como a mesma coisa. O espírito e a essência da vida presente, aquilo que nos caracteriza na nossa relação com o mundo. A alma não, a alma é algo que não tem tempo, que nos acompanha vida após vida, aquilo que nos caracteriza a nós, o nosso Eu interior. Isto apesar de ser crença não tem a ver muito com religião mas sim com sentimento.
P.S. É um prazer reencontrar-te por aqui.
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