Label FM

2009-03-14

Será dos 30?

Dou por mim a ter saudades do passado e a olhar para certas decisões pretéritas e a questioná-las veementemente, a perguntar-me onde estaria agora se tivesse seguido noutra direcção e se estaria mais feliz, ou menos feliz. Tenho essa utopia: a de ser feliz, mas é como se essa sensação, quando agarrada, logo de mim fugisse ou então corro que nem louca atrás dela, ao ponto de já nem saber quem sou, porque insisto em achar que se fizer alguém feliz, serei feliz, e isso, meus caros, é uma premissa muito errada!... Os outros não se questionam sobre isso! Há demasiado para resolver e eu sem força ou paciência para arregaçar as mangas e encarar a realidade.
No passado jamais me imaginaria quem sou hoje e não sei se isso é bom ou não... há uma centelha de orgulho no percurso, porque fui boa em tudo o que fiz e nelas coloquei todo o meu melhor. Já fiz tantas coisas que nem tenho paciência para dissecá-las! Sempre houve o fulgor da juventude para aguentar e para continuar a lutar, mas neste momento sinto que tenho que parar na estação de serviço desta auto-estrada e respirar fundo, para saber ao certo a que tudo isto me leva e quem isto tudo me tornará, se está suficientemente próximo dos meus limites pessoais de conforto e prazer. Ou mesmo para saber que limites são esses!
Não sei se as minhas preocupações actuais com bancos, encomendas, clientes, facturas, calculadora, dinheiro e crise são as ideiais... desgastam-me enormemente e sinto-me cansada e sem inspiração. Deito-me com números, acordo com números! Dou por mim a questionar-me que tipo de pessoa sou, por causa do meu percurso tão díspar: a pessoa versátil que faz qualquer coisa e vai passando por projectos giros e diferentes, ou a pessoa que ainda não encaixou em nada do que fez e se limita a pular até acertar... Esta é uma questão pertinente, porque sinto-me a entrar na fase do "salto" e do pensar o que seria fazer outra coisa qualquer! Sinto falta da poesia!
Preciso, realmente, de paixão, em todas as vertentes da minha pessoa e como por mim própria ainda não me consegui apaixonar (infelizmente), vou projectando esse vazio em outras pessoas ou outras situações e acontecimentos. O problema é quando não consigo tirar paixão das coisas e elas começam a ser amorfas e desenquadradas... É por aí que ando, numa espécie de balanço de 30 anos de vida, a querer que a minha sombra se decida por mim, porque eu não o quero fazer!
No fundo resumir-se-ia, como qualquer psicanalista básico me diria, à questão da idade, de esta ser uma fase de amadurecimento completo em que de facto somos adultos e temos que encarar as responsabilidades, os problemas e tudo o mais por conta própria! Mas este barco está difícil de bolear... Entendo que temos que abdicar de coisas para conquistar outras, mas as coisas de que abdico fazem-me falta e são-me tão inerentes que me começo a desconhecer... Não há acordo possível entre as partes! Falamos sempre da adolescência mas nessa altura podíamos fazer e desfazer quase sem consequências, agora a fase dos ensaios está a terminar e a sedimentação está-me a custar um pouco porque me sinto desamparada e sem conseguir explicar isto a ninguém de forma menos ridícula, que é o que eu acho quando verbalizo, melhor, é o que me fazem sentir. Já diria Pessoa: "todas as carta de amor são ridículas!", ou foi o Campos?! Até isso, essa minha outra faceta, vou deletando.
Sobra-me este blog, a tornar-se rapidamente um muro de lamentações, mas que tem a vantagem de ser mudo e de ser grátis, dispensando psicanálise e terapias!

3 comentários:

g disse...

Só te posso dizer não te assustes, mas daqui a mais dez ainda não tens resposta e realizas que a única coisa a fazer é a todo o custo tentar viver feliz!

Bom regresso.

...dina disse...

Estou consciente desse "pequeno" facto. Mas acho que, aos 40, as questões são mais intensas e mais decisivas. ;)

GRAFIS disse...

acho que dúvidas hão-de sempre existir, seja qual for o caminho que tomemos. mesmo quando ele é novo, ou mais inovador. os dias são uma construção que parte de dentro. quando algo já não nos diz praticamente nada, ou nos incomoda, nos desanima, acho que, no limite, ou por uma grande paixão, mudamos. até lá suportamos os pequenos dramas pessoais da rotina ou das coisas mais incomodas que nos tiram o sono.
por vezes è a conjuntura que nos aborrece, e confunde, e isso faz-nos fracassar. fases…
outras vezes talvez aguardemos por uma nova oportunidade, ou o transbordar do copo…
ele há tanta coisa… :)

apesar do muito tempo que já lá vai e das fugazes visitas, já tenho saudades da “conversa”. e um fim de semana aqui, convosco, para quebrar a rotina? a casa é pequena, mas acolhedora, e há muito para desfrutar. pensem nisso.
bj